quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Aquela Maneira de Amar...

Volto a contar aqui, dos momentos maravilhosos vividos na casa de Sabaúna, da qual eu coloco novamente a foto. Esses momentos foram marcados pela alegria que pairava no ar, pelos valores que nos foram ensinados e que, em nós ficaram sedimentados.
Meu pai não era uma pessoa estudada mas era  inteligente e culto ele entendia que a base cultural de berço, aliada à educação formam o cidadão e a pessoa de bem.
Quando éramos crianças, papai era enérgico, tinha até um código, uma maneira característica de assobiar que denotava que sua paciência se esgotara.Ele ficava trabalhando em sua oficina,  que era em um dos cômodos  da casa e de lá, ouvia todo o nosso movimento, mas quando nós o ouvíamos naquele assobio"fifiufifiu" tratávamos logo de nos corrigir, senão, lá vinha bronca.
Da mesma maneira que era bravo, era também amoroso, tinha paciência de conversar conosco, e de nos ensinar a tudo aquilo que pedíamos.
Embora minha mãe e meu pai não fossem de ficar nos abraçando ou beijando, eles tinham uma maneira peculiar de nos expressar seu carinho e seu amor: era com atitudes inteligentes.
Papai era relojoeiro e, como disse, trabalhava em casa, duas vezes por semana ele ia à São Paulo em um trem que se chamava Expressinho que saía às dez horas da manhâ, e voltava às sete horas noite, ele ia comprar peças para consertar os relógios de seus fregueses, levava consigo uma pasta marrom de couro, 
que voltava até a metade de amendoim torrado com casca que ele distribuía aos filhos quando chegava, trazia também outra surpresa, esta, para depois do jantar. Reuníamos todos no quarto das meninas que era o maior, nos empuleirávamos em cima das camas e ele, tirava da pasta marrom um livro de literatura infantil e do qual nos contava a história da semana que às vezes era contada em capítulos.
Enquanto a história era contada, minha mãe ia à cozinha e quando voltava trazia umas tigelinhas de mingau de fubá com canela em cima e distribuia a todos.Terminada a história e o mingau, escovávamos nossos dentes ( papai fez um porta escovas branco de madeira para dez escovas, primeiro a dele a da mamãe e todas as nossas), daí íamos dormir pra levantar cedinho e irmos à escola.

Naquela época ainda não tínhamos percepção para entendermos o quanto era especial aquela maneira de amar.




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