quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Aprendendo A Ser Educada

Hoje quero falar da Aline minha querida neta, filha da Gi, minha filha do meio.
Aline sempre foi desde criança graciosa, adorável e linda.Foi muito sapeca também, se arrebentava toda caindo da bicicleta ou subindo em tudo mas, seu primeiro tombo infelizmente foi dos meus braços, de um balanço que tinha na minha área de serviço.Quando a Gi chegou, ela não sabia se acudia a mim ou a ela de tanto que eu chorava.
Eu e Aline sempre nos demos muito bem.
Sempre foi muito inteligente, trazia as melhores notas e se destacava em tudo que fazia ou participava.
Tem uma boa cabeça, é esclarecida e ajuizada.
Estudou na USP, formou-se em Administração de Políticas Públicas sob uma exigente bancada examinadora que, todos lhe deram nota dez, exceto uma examinadora, que lhe deu nove e meio e ela ainda chorou por isso. Hoje  mora em Evanston nos Estados Unidos estudando e se aperfeiçoando por lá.
Quando ela era adolescente, estudava no mesmo colégio onde eu trabalhava e, depois do intervalo para o lanche quando os meninos estavam voltando para a sala de aula, ela ficava comigo na porta da biblioteca e me dizia:
   Vó, eu estou gostando daquele menino alí, o Thiago mas, ele nem me percebe.
Na verdade o Thiago estava no terceiro ano e como ela era novinha, ele se envolvia com as meninas da sua idade, hoje essa diferença de idade diluiu-se.
Então, eu dizia a ela:
   Se é dele que você gosta, não desista, você é inteligente, tão bonita um dia ele vai perceber você.
Como ele estava no terceiro ano, formou-se, saiu do colégio e dispersaram-se.
Ele teve outras namoradas, e ela outros namorados, anos depois os dois estavam sem compromisso com ninguém encontraram-se e, começaram a namorar.Hoje os dois estão noivos, ( ficaram noivos em um jantar na torre Eiffel o que, eu achei muito romântico).
Agora Aline está feliz com o grande amor de sua vida. O Thiago,  nem preciso dizer o quanto é inteligente, trabalha na empresa Booz & Company e termina agora no meio do ano o curso que faz de MBA na instituição de ensino Kelogg School of Management.Quando concluirem os cursos voltam e vão começar os preparativos para o casório.
Quero contar uma passagem engraçada da Aline quando era criança, certa vez ela estava com tosse e sua mãe lhe falou:
   Aline, uma menina educada quando tosse coloca a mão na frente.
Passaram-se alguns dias, e a Gi começou a notar que ela fazia quando tossia, um gesto com a mão espalmada pra cima assim, como alguém que está dizendo Pare, e lhe perguntou:
    O que é isso? e ela respondeu:
    Ora mãe, a senhora que disse que menina educada tosse com a mão na frente.


Aline, você pra mim é um tesouro precioso. Eu te amo muito.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O Decote

A Júlia minha irmã, sempre foi uma garotinha muito esperta, loirinha e muito bonitinha, gostava de imitar professora (o que veio a ser com grande capacidade), colocava todas as bonecas sentadas em banquinhos e, com sapatos de saltos altos e roupas das irmãs já moças, colocava óculos, usava como lousa o cimento vermelho do fogão de lenha da cozinha, que tínhamos nos fundos da casa,  e com uma varinha mostrava aquilo que escrevia.Uma graça.
Era ainda bem pequena e foi à TV TUPI de São Paulo no programa Meire, Meire Queridinha, caracterizada de Rita Pavone cantar Datemi um Martelo acompanhada ao violão por papai.
Sou dez anos mais velha que ela, isso quer dizer que, quando eu tinha treze anos ela tinha três, era a caçulinha da casa e meu xodó. Eu é que queria dar-lhe banho, pentear seus cabelinhos clarinhos feito palha, dar mamadeira e fazê-la dormir.
Uma vez dei-lhe banho e, coloquei nela uma blusinha que as alças estavam grandes e, com o enorme decote  seus peitinhos ficavam à mostra.
A Nininha, nossa irmã mais velha disse a ela.
   Júlia, que decotão!
   Hoje seu decote vai até o extremo!
Ela então, olhando para o decote respondeu:
   Não... passa do extremo.
     

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A Moeda

Quando o Zezinho meu irmão mais velho estava na escola, ( no antigo primário) com sete anos mais ou menos, veio morar conosco um primo também chamado José. Passamos a chamá-lo de Zé grande por ser maior e mais velho que meu irmão e, meu irmão continuou a ser chamado de Zezinho mas, meus tios o chamavam de Zé pequeno. Os dois primos estudavam em horários diferentes,  se davam bem e, brincavam juntos.Zé grande, foi o meu padrinho no primeiro casamento. Hoje os dois infelizmente são falecidos.
Um dia, meu irmão tentava tirar moedas que juntara em seu cofrinho, e com ele levantado enfiava uma faquinha na fenda e puxava, puxava. A moeda caiu e, como ele estava de boca aberta, a engoliu. Nem precisa dizer do alvoroço que foi lá em casa, minha mãe e todos  estavam desesperados. Minha mãe o arrumou rapidinho, e ele ficou sentadinho tristinho no degrau da porta esperando a mamãe se arrumar também, para traze-lo ao hospital aqui em Mogi das Cruzes para que a moeda fosse retirada.
O Zé grande chegando naquele momento da escola e, sabendo do acontecido saiu em disparada à procura do primo e nessa disparada; tropeçou no Zezinho que, dando uma cambalhota expeliu a moeda.Os dois se abraçaram felizes e, todos os irmãos pulavam de alegria.



As goiabas da minha infância

Nos meus tempos de menina em Sabaúna, eu tinha fixação por goiabas, parecia até  que meu organismo precisava mais da vitamina dessa fruta do que das outras.
Subir em árvores, era  um desafio, que não me amedrontava.
No meu caminho da escola, tinha bastante goiabeiras e eu, sabia em qual delas tinha alguma amadurecendo.
Onde hoje é a casa que foi do Carlinhos meu cunhado, (marido da Ivone) e que hoje é propriedade do Zeniltom (casa que a meu ver está entre as mais bonitas da cidade) tinha um terreno grande e nele uma goiabeira meio torta de tronco grosso e o chão cheio de mato e, que eu subia nela na maior facilidade.Um dia, subi na goiabeira e vi uma goiaba linda,  grande e amarelinha mas, ao apanhá-la senti arder meu braço, afastei as folhas e vi uma enorme taturana, desci com meu braço  queimando e ainda por cima percebi que o mato que tinha embaixo encobria um grande buraco que não sei mas, poderia ser uma fossa. Aquela descida foi a mais difícil da minha vida porque minhas pernas tremiam, o braço estava queimado mas, a goiaba estava no bolso.
Minha mãe nem sabia dessas minhas peraltices.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Atenção Que Vale A Pena

Quando os meus filhos eram pequenos, eu sempre aproveitava todas as oportunidades que surgiam para ensiná-los.Sei que uns precisam mais atenção, outros menos mas, todos precisam.
Gostava de ensiná-los a orar, a dançar, cantar, saber ritmo e tom , a ler e raciocinar. O Marco tinha mais prazer na leitura e é apaixonado até hoje, mas, a Gi precisei trabalhar um pouco mais a cabecinha dela nessa parte.
Na hora dessa atenção especial, nós tínhamos um costume: sentávamos as duas num tapete no degrauzinho da porta da cozinha e, quando o assunto era leitura, eu lia uma frase pra ela e explicava o que tinha lido e, ela lia a frase seguinte e explicava pra mim.
Hoje a Gi é uma assídua leitora de livros diversos, e está sempre atualizada por que lê também livros técnicos de sua área.
Um dia o assunto era raciocínio, e estávamos sentadas no degrau e, as duas olhando para os pés, ela com cinco anos mais ou menos.Peguntei-lhe então:
  Quantos dedinhos você tem nos dois pezinhos? conta aí. Ela contou e disse: tenho dez.
  Muito bem, eu disse, e perguntei:
  E quantos dedinhos você tem em cada pezinho?
  Ela contou e disse:
  Neste tenho quatro, neste tenho seis.
  Errado, eu falei, conta de novo.
  Ela pensou bastante tempo e depois me disse:

  Tá certo sim, conta pra senhora ver como quatro com mais seis são dez.
  Minha  explicação teve que ser um pouco mais demorada pra ser convincente.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O Entregador de Pizzas

A Jú minha filha caçula, quando adolescente tinha uma amiga que vinha passar os finais de semana em casa para sairem juntas. O Marco meu filho mais velho, que mora em São Paulo,  estava também em casa nesse sábado á noite e pedimos pizza por telefone.Bateram à porta, e o Marco foi atender:
  Oi, boa noite é a pizza? perguntou o Marco.
A pessoa respondeu:
  Sim, eu vou buscar.
Foi ao carro e voltou com uma embalagem de pizza quentinha e entregou-a ao Marco, que lhe perguntou:
    Quanto é?
   Não é nada, respondeu a pessoa.
   Como não é nada, disse o Marco.
   Não, não é nada, entrou no carro e foi embora.
O Marco entrou com a pizza na mão  e, me contou o acontecido e eu, também fiquei sem entender nada, bem, a mesa já estava posta , fomos comer a pizza enquanto estava quentinha. Enquanto comíamos, bateram novamente à porta e o Marco novamente foi atender e, era um entregador de pizza com uma pizza na mão: 
   Sua pizza, disse ele, são quinze reais.
O Marco o pagou e ele foi embora, daí que não entendíamos nada mesmo. Continuamos comendo pizza agora, com opção de escolha, dois sabores.
 Dali a pouco, voltou o primeiro senhor, o da primeira entrega, perguntando se tínhamos gostado da pizza.
O Marco lhe respondeu:
   Está uma delícia, só não entendi por que o senhor não quis cobrar, ao que ele respondeu :
  Sou pai da garota que vai dormir aí na sua casa e, explicou que todo sábado comprava pizza pra todos os filhos, e tinha ido entregar na casa de mais dois filhos casados e como a garota estava em casa, ele nos trouxe. Todo esse mistério se deu por que não foi eu a atender a porta e, o Marco não o conhecia.
Conclusão: comemos duas pizzas rindo muito.




Os Bailes em Sabaúna

Entrei novamente pelo túnel do tempo e, estou naquela época de ouro, se bem que gostei de estar lá e cá, acho que de agora em diante nas próximas postagens vou continuar contando histórias daquela época mas, vou também contar as histórias de um tempo mais recente; penso que assim, a leitura não ficará cansativa.

 Ano de 1958.
Lanifício Santa Josefina em sua maior atividade. Na rua principal, junto ao jardim e defronte a estação ferroviária, havia um salão cedido pelo lanifício, onde eram realizadas umas domingueiras e, das sete horas da noite até às onze ao som de lindíssimos long-plays dançantes, a moçada se reunia. Aquelas domingueiras eram uma delícia, íamos à elas sem pretensão nenhuma, na verdade íamos única e exclusivamente pelo prazer de dançar e eu, gostava de faze-lo com aqueles que sabiam dançar bem. Lembro-me que frequentavam as domingueiras os possíveis namoradinhos e que eu com catorze quinze anos, os dispensava de medo de papai, que nos liberava pra ir mas, ficava na vigilância.Nesse tempo iam, eu, a Nininha (minha querida irmã já falecida ) e a Lena,(Cecília ia menos, casou-se por essa época). Frequentava esses bailinhos um senhor de nome Laudelino, que vestia-se com uns elegantes ternos de linho e que era uma pessoa de muito respeito que, como eu, também ía somente por que gostava de dançar e, dançava muito bem. Dancei muito com ele. Outra pessoa que também frequentava os bailes, um pouco mais velho que eu e que despretensiosamente gostava de dançar comigo, era um rapaz que o apelido dele era "Folheado" , eu só o conhecia assim. Chamavam-no assim por ser ruivo. Era um grande dançarino.
De vez em quando tinha uns bailes grandes, programados que aconteciam das dez horas da noite, até às quatro da manhã; esses bailes não eram abrilhantados com vitrola mas, a orquestra de papai, a Ri-fi-fi Ritmos, era contratada para tocar. E eram na sua maioria temáticos: Baile da bola, todas as moças iam com vestidos de bolas, em junho baile da chita, todas com vestidos de chita, baile das flores, fazíamos os vestidos e uns lencinhos do mesmo tecido que, quando entrávamos esses lenços recebiam um número pelo avesso e eram colocados em uma caixa. Os cavalheiros quando entravam, recebiam um número e na hora da valsa especial cada cavalheiro pegava o lencinho de número correspondente e saía à procura da sua dama que estivesse com o vestido daquele tecido, colocava o lencinho no bolso da lapela e, tirava a dama para dançar. Lembro-me de uma valsa tocada pela orquestra de papai que tem o nome de: Contos dos Bosques de Viena, lindíssima. Eu, novinha, levinha flutuava. Saíamos do baile somente na hora que terminava por que, meu pai e meus dois irmãos,( Zezinho e João, os dois já falecidos) tocavam na orquestra, voltávamos juntos e à pé por ser bem perto.Atualmente este neto de meu pai, o Raphael filho da Júlia, pra nosso orgulho trouxe o ritmo no sangue. É profissional , professor de bateria e representante do país da melhor marca de baquetas e bateria.




A elegância dos pares, o romantismo da valsa e, o som da orquestra estão gravados bem forte na minha memória.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Agradecimento

Hoje entrei no túnel do tempo e, vim sair no Aqui e no Agora.
Esta é a Bia.
Dizer que ela é linda, é falar do óbvio.
Dizer que ela é simpática,isso, seu sorriso aberto por si só já confirma, agora, dizer de sua benevolência e solicitude, isso já requer   algumas explicações, pois esta postagem é especialmente para fazer a ela um agradecimento.
Bia é uma pessoa maravilhosa, querida e, mais que minha seguidora é a responsável pela criação deste blog, ela o criou e ensinou-me como proceder, acreditou em mim, sem nunca antes ter lido o que escrevo.
A Beatriz é casada com meu sobrinho Frederico, o Fred pra ela mas, Frê pra mim. A ele, quando pequenino contei muitas historinhas ( principalmente a da Cigarra e a Formiga) que ele adorava e, dele também troquei muita fralda.Hoje aquele menininho loirinho, é um conceituado médico endocrinologista daqui de Mogi das Cruzes, é o Doutor Frederico Godoi Cintra, o que me faz sentir muito orgulho.
Bia e Frê formam um lindo casal.
Ela também tem um blog, é o (clicdabia.blogspot.com) nele, ela conta entre outras coisas sua paixão em fotografar, ela é expert  e formada nessa arte, fotografa como poucos por que, o faz com alma  colocando sua emoção em cada clic.
Uma vez mais quero agradecer-lhe e dizer que me coloco à sua disposição.
Um grande beijo,e obrigada Bia.



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Shangri-la

Como este blog está tomando proporções maiores e inesperadas, e até rompendo fronteiras, cabe aqui, explicar onde se situa esse pedaço de chão tão querido, que do qual eu tanto falo.
Dentre tanta coisa linda que  Gonçalves Dias falou em suas obras, ele disse também:
" Todos cantam sua terra,
   Também vou cantar a minha"


Sabaúna, fundada em mil oitocentos e oitenta e nove, é um distrito de Mogi das Cruzes, que desta, fica distante vinte km , mas de carro chega-se lá em vinte minutos. Distancia-se de São Paulo noventa e seis km. e seu nome, significa "concha preta" na língua indígena.
Nasci e morei lá até meu primeiro casamento em mil novecentos e sessenta,era ainda adolescente e trabalhei por um ano na fábrica que na época instalou-se lá e, tinha o nome de Lanifício Santa Josefina onde hoje é a fábrica de materiais elétricos Fame.Enquanto mamãe, dona Júlia de Souza Mello e papai, seu João Francisco de Sousa, moravam lá, íamos sempre visitá-los e meus filhos gostavam muito, gostavam tanto que, ao mais velho, eu só podia contar que íamos, quase na hora de sair  por que, a ansiedade era tanta que ele passava mal e até ficava com dor de barriga. Lá ainda moram a Cecília minha irmã, e seus dois filhos casados  que, juntos são proprietários da única padaria existente no lugar. A Cecília tem lindos netos todos já adultos.
Meu filho mais velho tem também um blog (trecosdomarco.zip.net) que é bem diversificado e, em uma de suas postagens (do dia 17/08/2000) ele cita Sabaúna e diz que:"Todos nós temos um paraíso particular na terra e o meu é Sabaúna", o meu também é. Mário Quintana disse certa vez com muita propriedade que: " O passado não reconhece seu lugar... ele está sempre presente."
Acho que naquela casa onde vivi entre aquelas árvores de primavera e manacá, eu plantei as sementes do meu coração e, é por isso que hoje eu colho os doces frutos da saudade.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Aquela Maneira de Amar...

Volto a contar aqui, dos momentos maravilhosos vividos na casa de Sabaúna, da qual eu coloco novamente a foto. Esses momentos foram marcados pela alegria que pairava no ar, pelos valores que nos foram ensinados e que, em nós ficaram sedimentados.
Meu pai não era uma pessoa estudada mas era  inteligente e culto ele entendia que a base cultural de berço, aliada à educação formam o cidadão e a pessoa de bem.
Quando éramos crianças, papai era enérgico, tinha até um código, uma maneira característica de assobiar que denotava que sua paciência se esgotara.Ele ficava trabalhando em sua oficina,  que era em um dos cômodos  da casa e de lá, ouvia todo o nosso movimento, mas quando nós o ouvíamos naquele assobio"fifiufifiu" tratávamos logo de nos corrigir, senão, lá vinha bronca.
Da mesma maneira que era bravo, era também amoroso, tinha paciência de conversar conosco, e de nos ensinar a tudo aquilo que pedíamos.
Embora minha mãe e meu pai não fossem de ficar nos abraçando ou beijando, eles tinham uma maneira peculiar de nos expressar seu carinho e seu amor: era com atitudes inteligentes.
Papai era relojoeiro e, como disse, trabalhava em casa, duas vezes por semana ele ia à São Paulo em um trem que se chamava Expressinho que saía às dez horas da manhâ, e voltava às sete horas noite, ele ia comprar peças para consertar os relógios de seus fregueses, levava consigo uma pasta marrom de couro, 
que voltava até a metade de amendoim torrado com casca que ele distribuía aos filhos quando chegava, trazia também outra surpresa, esta, para depois do jantar. Reuníamos todos no quarto das meninas que era o maior, nos empuleirávamos em cima das camas e ele, tirava da pasta marrom um livro de literatura infantil e do qual nos contava a história da semana que às vezes era contada em capítulos.
Enquanto a história era contada, minha mãe ia à cozinha e quando voltava trazia umas tigelinhas de mingau de fubá com canela em cima e distribuia a todos.Terminada a história e o mingau, escovávamos nossos dentes ( papai fez um porta escovas branco de madeira para dez escovas, primeiro a dele a da mamãe e todas as nossas), daí íamos dormir pra levantar cedinho e irmos à escola.

Naquela época ainda não tínhamos percepção para entendermos o quanto era especial aquela maneira de amar.




terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Que delícia de lanchinho!

Estudei no meu curso primário, no Grupo Escolar Prof. Aristóteles de Andrade, em Sabaúna.
Bons tempos aqueles! Que saudades!
Tinha muitos amigos, alguns nomes eu ainda me lembro: o Rubens, a Catarina , a Maria, a Terezinha Bauduco, que mudou-se para Registro o Jonato Marcondes, o Olavo Cabral oAntonio irmão dele, a Angela, a Neide Soares (que foi minha grande amiga) a Arlete minha prima, filha da minha prima Cida e do meu primo Zico, e,o João meu irmão.
Olavo, Neide e João meu querido irmão, infelizmente já são falecidos.
Tinha também, uma amiga muito querida chamada Kuniko, moleca como eu, com quem eu brincava no recreio depois que, como era nosso costume, dividíamos nossos lanches.Era sempre assim,ela comia metade do meu lanche e eu comia metade do dela, e daí brincávamos de esconde-esconde, amarelinha, pulavávamos corda...etc.
Um dia a Kunico tirou da lancheira, um sanduiche muito apetitoso, cheirava muito bem, eu até salivei, vi de relance e pensei,: hoje o dela é melhor que o meu, que é pão com ovo frito e o dela é pão com linguiça , e eu, adoro linguiça, e me apressei para a troca. Quando terminamos de comer, eu disse a ela:
     Que delícia de linguiça! e ela me respondeu com muita naturalidade:
     Não é linguiça não, é cobra.
Comecei a chorar de medo de morrer, eu e a Kunico fomos chamadas na diretoria pra contar a história para a Dona Ernesta Batistella, diretora naquela época. Expliquei o acontecido e a Kuniko disse pra ela:
     Não vai morrer não, eu como sempre!
Daquele dia em diante eu nunca mais troquei meu lanche. 

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Dinheiro Nenhum Paga

Eram realmente maravilhosos os natais de nossa infância, que passamos naquela saudosa casa de Sabaúna.
Alguns dias antes, e, já começávamos com os preparativos, uma pintura nova na casa, uma limpeza geral, o presépio, a árvore de natal, nossas roupas, os sapatos, as fitas de cabelo ...etc. Os sorrisos ficavam iluminados, os corações abertos e o espírito de cada um era totalmente natalino porque, nos foi ensinado sobre a importância do aniversariante.
Nesses natais, não faltavam o almoço especial e caprichadíssímo feito por minha mãe e, na volta da missa do  galo, a ceia
 linda, de mesa farta, que não faltava entre tantas outras coisas um queijo de bola  que se chamava Palmira que deve existir ainda e, um doce tradicional de coco em calda feito por minha mãe.
Conforme o costume tradicional costumávamos,  colocar os sapatinhos atrás da porta da sala, e, íamos dormir esperando o Papai Noel.
Havia uma ansiedade gerada pela certeza de que ele viria, ele sempre vinha, não, ele não faltaria conosco.
Só não sabíamos do sacrifício que mamãe e papai faziam para que tudo isso acontecesse sem frustrações.
Os maiores quase moços, (Zezinho, Nininha e Cecília) ganhavam roupas feitas pela mamãe, e as crianças(João, eu, Maria Helena, Ivone e Júlia)
ganhávamos bonecas de pano, petecas, bolas de meias coloridas, io-iôs, cataventos coloridos, cavalinhos de
pau, jogos de palitos, cordas para pular, quebra cabeça feito de madeira, tudo feito por eles e, às escondidas.
Lembro-me de um boneco de madeira, feito por ele, que ficava preso a duas astes, e que agia como se fosse um trapezista. Era lindo!
Coisas, que dinheiro nenhum paga.
Mal amanhecia o dia , acordávamos  ansiosos e íamos à sala e, felizes víamos em cada sapatinho um presente.
Era só alegria! não só nossa mas, também de nossos pais.