quarta-feira, 30 de maio de 2012

O Susto

Assim como é comum em toda cidade pequena, Sabaúna preservou seus hábitos e costumes que, aliados à fé e ao folclore foram se tornando tradição: as festas juninas com suas quermesses e quadrilha, os grandes bailes, o carnaval com seus blocos de rua, no mês de maio (o mês de Maria como era chamado), a procissão que levava a santa que ficava de um dia para outro na casa de cada morador visitado, a procissão da semana santa que tinha o barulho da matraca, das festas na igreja com apresentação de grupos de cavalhada e moçambique, a missa de ramos, a malhação do Judas, a missa do galo etc. Esses e outros eventos sempre fizeram parte do povo deste lugar tão aconchegante que nasci.
Descrevi tudo isso, para justificar um fato que quero contar:
Quando eu tinha  mais ou menos três ou quatro anos de idade, eu estava brincando no quintal de casa quando ouvi vozes de pessoas cantando na rua e, na curiosidade própria das crianças fui ver o que era, então, me deparei com um grupo de pessoas uniformizadas cantando e tocando instrumentos, menos um integrante do grupo que tinha uma roupa diferente: vestia um camisolão comprido até os pés, tinha uma espécie de coroa na cabeça,  na mão trazia um bastão de madeira com fitas nas pontas e, no rosto uma máscara muito feia feita de couro.
Quando percebi que aquela figura de aparência horrível e todo o grupo se dirigiam em minha direção, me assustei tanto que comecei a gritar e chorar, meu pai saiu correndo da oficina onde consertava relógio para me acudir e eu, de um salto pulei no pescoço dele gritando e custei a me acalmar.
Meu pai ficou tão sensibilizado com o meu susto que não sabia a quem dar atenção, se aos visitantes que homenageavam a família ou se a mim que ainda tremia em seu colo.
Lembro-me desse fato tão nitidamente como se isso tivesse ocorrido ontem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário