sexta-feira, 18 de maio de 2012

O Chorinho


        Pelo fato de termos nascido em uma família onde meu pai e meus irmãos eram músicos, e onde a música se fez uma constante, nós crescemos gostando de música, até com uma certa sensibilidade musical embora, nenhuma de nós sejamos musicistas hoje mas, ficamos com nossos ouvidos treinados para sentir e reconhecer uma boa música, a ter ritmo e tom para ouvir e... "cantar".
Lembro-me de quando eu era menina ainda, meu pai recebia em casa a visita de uns amigos músicos, moradores de Sabaúna: Seu Pinheiro (trazia uma flauta transversal preta), era marido de dona Dulce e pai da Dulcíris que hoje mora no meu bairro, vinha também o pai do Ludovico, o Seu Gumercindo, que era o barbeiro da cidade, trazia o seu banjo, vinha o Seu António Alabarce, meu padrinho com seu violino, e o Moacir Triboni que já nessa época  tinha iniciado um namoro com minha irmã Cecília, trazia seu cavaquinho.
 Eram noites fantásticas onde se confundia a importância da amizade e da música.
Às vezes também, iam lá em casa pra nos visitar, os irmãos de meu pai, o tio Manoel, tio Zequinha, tio Armênio, tio Francisco e tio Esterlino. Todos sabiam tocar violão, mas, o tio Esterlino tocava também lindamente uma flauta transversal de prata esse tio era na época  maestro na banda de música de Guaratinguetá. Às vezes não vinham todos na mesma visita mas quando eles chegavam, meu pai convidava também seus amigos de Sabaúna para que viessem em casa à noite  com seus instrumentos.
Tia Rita e tia Julita, irmãs de meu pai também tocavam e cantavam, a tia Encarnação esposa do tio Zequinha cantava.
 Iam noite a dentro tocando chorinhos e valsas,músicas de qualidade, e todos guiados pela partitura, com uma música  melhor do que a outra.
Era a coisa mais linda! Foram noites inesquecíveis.                         

Minha mãe ficava servindo cafezinhos e mais cafezinhos, bolinhos de chuva em forma de rosquinhas que a gente ficava ajudando a enrolar, servia bolo, fazia pipoca,  fritava mandiopã etc.
Já tarde, íamos deitar por insistência de mamãe mas, ficávamos na cama acordadas por muito tempo ainda, ouvindo aquela música maravilhosa, até o sono nos vencer.                                                                                                       


                                                                                                      



                                                                    

3 comentários:

  1. Ana,

    Passei para ler suas lindas memórias, muito bem narradas de forma tão vívida e meiga.

    Que infância rica de carinho e ternura vocês tiveram, regada com o charme da música. Apesar de não ter tido esse convívio com a música na minha infância, eu também sempre apreciei ouvi-la, apesar de que o gosto do chorinho foi adquirido na fase bem adulta, quando entendi a sua beleza e importância.

    Um beijo

    Lucia Regina

    ResponderExcluir
  2. Mãe

    Seus textos estão cada vez melhores!Que saraus gostosos!
    E essa veia musical com a Graça de Deus foi transmitida para a nova
    geração.Eu até que aproveitei o vovô o que pude, pois o que sei de violão clássico foi ele quem me ensinou.Uma pena que não fui para a frente,(só damos valor muito tarde para algumas coisas).Mas o gosto musical, esse continua!

    Beijão

    Marco

    ResponderExcluir
  3. que gostoso!!! bom, hoje o Fre está aí, dando continuidade, ontem ele convidou um amigo para ensaiar em casa e logo lembrei me da sua postagem. a noite foi muito boa com o chorinho rolando solto aqui na sala!! Beijos

    ResponderExcluir