domingo, 18 de março de 2012

Cumplicidade

Minha mãe, tendo lavado muita roupa, encheu todos os varais do quintal os quais, eram levantados por um bambu, terminado o serviço foi para a cozinha cuidar do jantar. Era fim de tarde de verão e  as roupas secavam-se rapidamente, e eu estava  por ali brincando no quintal.
João meu irmão, (três anos mais velho que eu) não estava em casa, tinha ido à casa de um amigo para estudar e, minha mãe já reclamava por sua demora:
     O João está demorando tanto, dizia pra mim, seu pai vai ficar bravo com ele.
Dali a pouco vi o João chegando pela lateral da casa meio escondido e , me fazendo sinal, me chamando baixinho.
    Ana, pega pra mim aquele shorts que está no varal.
Abaixei o varal com dificuldade pois, eu era pequena, e sem que minha mãe visse, peguei o shorts que era igualzinho ao que ele estava vestido e ele o trocou, e eu coloquei o que ele tirou no mesmo lugar no varal.
Um pouco depois, minha mãe foi ao quintal para recolher as roupas e indignada falou assim:
     Que coisa estranha! Coloquei todas as roupas no varal ao mesmo tempo, com este sol tão forte todas as roupas estão sequinhas e justamente este shorts que é de tecido tão leve continua encharcado, eu não entendo este mistério.


Eu ouvi e tremi nas bases, eu sabia que era muito grave o que eu tinha feito mas, tinha salvado meu irmão de uma surra de meu pai, pois ele tinha ido nadar no ribeirão.
Eu e o João sempre nos demos muito bem, lembro-me quando ele menino ainda, comprou um cavalo e não tinha onde colocá-lo, lembro-me também quando ele usou seu primeiro terno, lindo cinza claro. 
João sempre foi muito bonito, era músico, tocava saxofone e, como sargento da Escola de Especialistas da Aeronautica de Guaratinguetá fazia parte da banda de música dessa escola onde também, meu tio Esterlino irmão de meu pai era maestro. Saudades, João,saudades.      

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